segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A INFORMATIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO NO POSTO DE SERVIÇO.

Nos contratos celebrados entre as empresas e as prestadoras de serviços de vigilância onde o posto de serviço não seja fiscalizado diretamente por preposto da própria empresa contratante, cobra-se à fiscalização por parte da prestadora de serviço. Essa fiscalização geralmente é executada da seguinte maneira, um fiscal que executa rondas em intervalos de doze horas, rondas esporádicas, realizadas aleatoriamente no posto de serviço, estou me referindo a postos de pequeno efetivo onde não é viável a contratação de um vigilante líder ou vigilante supervisor.

Geralmente as rondas nos postos de serviços são para verificação da empresa que o vigilante está indo cumprir o que lhe é de obrigação, porém não irei entrar nesse mérito, o que quero discutir é a maneira que essa abordagem é realizada de forma empírica, onde esse empirismo remete a uma abordagem feita no achismo daí cada pessoa realiza a fiscalização no posto de serviço da sua maneira, passando a verdade de cada um sendo a absoluta. Tive oportunidade de trabalhar como vigilante, e de fiscal, onde passando pelas duas experiências pude observar algumas nuances dessas abordagens no posto de serviço, com essa preocupação foi o que me incentivou a fazer esse artigo, pois vivenciei experiências boas outras nem tanto, em ambas as faces dessa dura realidade que é uma fiscalização no posto de serviço.

Como sabemos não é essa maravilha toda, o que desejo abordar é a nossa observação de alguns detalhes para podermos tornar o serviço bastante eficiente não só do ponto de vista da empresa bem como do ponto de vista do vigilante que está no posto de serviço, sendo ele o cliente interno mais importante da empresa, pois o tratamento que dispusermos para ele será repassado aos clientes externos. Esse artigo não vem e nem pretende ser um manual para a perfeita fiscalização no posto de serviço, apenas estou abordando um tema que acho ser um fator de diferença competitiva em uma organização, como também nada vi sobre a informatização dessa área de serviço, todos os setores de qualquer empresas já conta com a informatização, até mesmo nas portarias das empresas a informática é um subsistema essencial para controle, sendo um assunto que não se tem abordagem direta, pelo menos nada consegui por escrito sobre o tema proposto por mim. Quando pensei nesse assunto, comecei uma procura na internet e em jornais especializados em segurança e nada encontrei muito menos em livros de segurança, vi muita coisa sobre sistema de CFTV e de ponto de controle de ronda, porém nada que falasse sobre uma ronda realizada com parâmetros informatizados.

O cenário que vemos hoje é o seguinte, a empresa ganha um contrato coloca num posto de serviço de vinte e quatro horas, quatro vigilantes armados ou não para executar o serviço, para verificar o andamento desse serviço fiscaliza-o através de um preposto (rondante, fiscal, inspetor supervisor e etc.). Geralmente esse fiscal é um funcionário mais antigo promovido de vigilante, ou em muitas vezes algum remanescente das Forças Armadas graduado ou não, onde a empresa acha que devido a essas experiências ele já está preparado para executar o serviço.

Tempo de vigilante, experiência nas Forças Armadas, ou simplesmente uma idade mais elevada ajuda a desenvolver o sistema das rondas no posto de serviço, porém não é tudo, muitos percalços surgem daí, as empresas por um motivo ou outro acham que esses profissionais já estão preparados para enfrentarem qualquer situação, porém muitos problemas advém desses fatos, não terem um treinamento específico para cada caso.

O fiscal oriundo das Forças Armadas ou Auxiliar, se tiver uma graduação acha que todos os vigilantes são seus subordinados e portando lhe devem uma obediência militar, devem manter uma postura de caserna e agirem como tal, alguns pulam muros, camufla-se na vegetação e muitas outras peripécias, a fim de encontrarem as falhas, não aceitam os vigilantes como eles são, começando com isso uma verdadeira enxurrada de vigilantes a sede da empresa para resolver os “erros” demandados dessa fiscalização. Porém não os culpo, a empresa às vezes até orienta que sejam realizadas rondas dessa maneira, também não estou aqui com procuração para defender os vigilantes, no entanto acho que tem um meio termo e isso será visto adiante.

Já o fiscal oriundo da empresa, aquele que era um excelente vigilante, que cumpria todos os procedimentos, sempre estava disponível para dobras ou para qualquer tipo de serviço, sempre lá fiel, determinado, vestindo a camisa da empresa em qualquer ocasião ou posto de serviço, nunca reclamando, sempre no horário previsto a empresa pode contar com ele. Mas ao galgar mais um patamar na empresa aquele excelente vigilante já não é um bom fiscal, às vezes subiu para a cabeça a promoção, outras não simplesmente não estava preparado para executar o serviço.Muitas empresas têm o fiscal como um mero entregador de documentos, para isso sugiro colocar um motoboy, sendo o custo menor e mais dinâmico o resultado do seu trabalho.

Não entendendo o verdadeiro valor que esse profissional quando bem treinado pode exercer dentro da organização, ele é o elo entre o vigilante e a empresa, é o preposto da empresa que o vigilante no posto de serviço mantém contato, passa as informações, solicita ajuda.

Dentro do tema abordado achei que havia espaço para falar desses tipos de fiscais, onde algumas empresas usam outras não, mas o certo é que sem ela o contrato está fadado ao cancelamento, é da natureza humana quando não sendo observado de perto, relaxar e deixar ao acaso, por isso as empresas lançam mão da tão criticada e às vezes odiada fiscalização.

FISCALIZAÇÃO, esse nome já causa um sentimento de desconfiança entre os vigilantes, como o significado da palavra já diz diretamente segundo o dicionário Aurélio, a palavra fiscalização quer dizer; “Vigiar, examinar, identificar erros, irregularidades, etc.” Quando alguns fiscais exercem a profissão “ao pé da letra” gerando com isso grandes problemas para o staff imediato que tem a missão de mediar todos os problemas oriundos dessa fiscalização, analise o ponto de vista do vigilante que em seu horário de folga tem que se dirigir à sede da empresa para ser ouvido e daí muita das vezes ser punido, acaba sendo uma dupla punição, sem falar nos custos que a empresa tem de arcar oriundo desses problemas no posto de serviço, pois redução de custos é a máxima em qualquer organização, como reduzir os custos oriundos desses problemas no posto de serviço, pois tem empresas que, usando um adágio militar “hora do pato” é bastante concorrida, gerando com isso um custo extra com transportes, alimentação e até mesmo hora extra, além de tomar o tempo do supervisor ou da pessoa que resolve esses problemas, como tempo é dinheiro, perdeu-se tempo e dinheiro com problemas que deveriam ser solucionados no posto de serviço.

Vemos um cenário, não muito agradável onde geralmente o fiscal não é bem visto pela sua equipe de trabalho, devido, a grande maioria das vezes à sua inflexibilidade perante aos casos que se deparou, ou o outro lado da moeda o fiscal não vai ao posto ou não orienta quando vê a irregularidade sendo o bonzinho, prejudicando mais o que tenta trabalhar corretamente. Sem falar que na grande maioria das vezes, os fiscais são colocados no campo de trabalho sem o devido treinamento, sem deixar claro o que a empresa espera dele, gerando com isso toda a sorte de interpretação é com esse dualismo que nos deparamos diariamente e às vezes situações bastante adversas que no leva a um sentimento de impotência frente a determinadas situações, deixando a empresa muitas das vezes em situações difíceis perante o cliente, quando não um cancelamento do contrato.

As empresas de vigilância devem se preocupar com as pessoas que estão colocando para ir aos postos de serviços, dando um treinamento adequado, medir o desempenho dessas pessoas, com avaliação de reação sobre o mesmo realizado pelos vigilantes, a fim de avaliar a sua relação interpessoal com a equipe de trabalho. As empresas devem ter um procedimento para que seja cumprido pela pessoa, orientando-o desde a chegada até à saída do posto. As empresas devem ter um procedimento padrão para as punições, prevendo a transgressão e a pena.

Procedimento para que o fiscal saiba o que deve fazer quando se deparar com as situações adversas, onde já existem as transgressões e as penas. Controlar através de um formulário ou livro de ocorrência específico tipo um dossiê onde todos os vigilantes do plantão do fiscal tivessem lançadas as suas alterações para que nela o fiscal lance todos os fatos observados positivos e negativos.

O fiscal teria nos procedimentos um reforço do que fazer e como fazer, em primeira estância, resolvendo logo de imediato o problema, sem gerar aquela demanda de vigilantes que no horário de folga tem que ir para a sede da empresa para ser ouvido, perdendo-se tempo e dinheiro. Esse procedimento tem que ser bem amarrados com todas às situações possíveis e imagináveis tipo um regulamento disciplinar, transgressão e pena. Exemplo: O fiscal chega ao posto de serviço e encontra o vigilante dormindo. Ele tem que avaliar se o vigilante estava sentado, ou não, se e premeditou estando deitado em algum local, se o vigilante é reicindente ou é a primeira vez. Daí a punição sendo bem clara conforme preceitua a CLT a Empresa estará de acordo com a Lei e evitará punições absurdas que são contestadas muitas vezes na Justiça com perdas por parte da empresa.

Com o dossiê o fiscal lança diretamente o fato observado na folha do Vigilante, com isso ele mede se o fato é reincidente ou não, tendo uma maior eficácia nas punições, sem falar que não tem condições do fiscal andar com todas as fichas dos Vigilantes, nesse dossiê estaria uma consolidação dessa fichas, porém apenas com os dados sobre disciplina controlando com isso toda a vida disciplinar do Vigilante. Além de uma eventual troca de fiscal o novato já saberia qual era a situação disciplinar do Vigilante.

Disposição e bastante treinamento, pois percebemos que não é uma tarefa fácil de fazer, demanda tempo, bastante controle sem falar em uma perfeita harmonia do fiscal e seu superior imediato. Um regulamento se faz necessário, onde de tudo tem que está prevista desde a mais simples transgressão a mais severa pena analisando é claro todo o critério da CLT.

Tenho um registro com todos os vigilantes onde procuro anotar todos os fatos observados positivos ou não onde, facilita quando necessito de dados para alguma orientação, punição e promoção, na empresa não temos ainda instituído esses procedimentos, porém faço minha parte.

As fiscalizações carecem de um check list com todas as observações necessárias para que o fiscal siga esse roteiro e facilite o seu desempenho no posto de serviço, controlando todos os pormenores. Sei que era o ideal, porém em uma empresa de grande porte já não seria uma ferramenta tão boa assim, devido a grande demanda de documento para arquivo, mas acreditem seria uma maneira de medir todos os nossos profissionais.

Porém a minha sugestão é a criação de uma ferramenta operacional informatizada para ajudar o fiscal, com o avanço da tecnologia essa idéia não seria impossível de se concretizar, não teria um custo tão alto assim. A sugestão é o desenvolvimento de um software por especialistas da duas áreas (informática e vigilância), esse software teria questões referente à ronda que seriam respondidas pelo fiscal em um palmtop e descarregadas na sede no final do turno, com isso as empresas teriam como avaliar de maneira efetiva o desempenho individual dos vigilantes, gráficos poderiam ser gerados com todas as situações e dessa maneira orientação, punição e principalmente promoção sairiam do empirismo e se tornaria mais justas e eficazes em todos os casos.